Para podermos explicar melhor a importância da eficiência na iluminação nada melhor que recorre à História, pois ela tem o poder de nos mostrar como tudo aconteceu e acontece.
Em 1880 Sir Joseph Wilson Swan registou a patente da primeira lâmpada de filamento de carbono, posteriormente, Thomas Alva Edison, tornou utilizável e popularizou a lâmpada incandescente, a primeira forma de obter luz artificial a partir da eletricidade.
Naquela época poucos poderiam prever que tais inventos perdurassem mais de 100 anos e que lâmpadas incandescentes fossem utilizadas em simultâneo com tantas e tantas tecnologias dos nossos dias.
É verdade que não se mantiveram iguais desde os seus primórdios, foram tendo evoluções que permitiram aperfeiçoamentos, mas sempre numa base de fraca eficiência do ponto de vista energético.
Quando em 2012 foi proibida a venda de lâmpadas incandescentes, já as lâmpadas fluorescentes compactas, vulgarmente designadas de economizadoras, estavam perfeitamente consolidadas no mercado, começando nessa altura a desenhar-se um concorrente muito forte no horizonte, o LED.
Numa reflexão rápida, pensemos nas tecnologias que regem as nossas vidas em 2022 e pensemos também que neste mesmo 2022 ainda existem aqui e acolá alguns pontos de luz que possuem lâmpadas incandescentes à espera de serem substituídas, não deixa de haver alguma ironia que num mundo de automóveis com condução autónoma ainda possam haver instaladas lâmpadas com tecnologia de há 130 anos. Felizmente são casos muito residuais, mas aprofundemos um pouco a reflexão e no ano em que se completam 10 anos sobre a proibição de venda de lâmpadas incandescentes, voltemos a pensar que há 10 anos ainda utilizávamos iluminação com tecnologia de há 120 anos.
Mas o que aconteceu de há 10 anos a esta parte?
Muita coisa mudou, houve uma revolução na iluminação, um turbilhão de acontecimentos talvez só comparável a uma máquina de lavar roupa em processo de centrifugação, por vezes mudanças tão abruptas e profundas que se tornam difíceis de acompanhar.
Nestes últimos 10 anos, as lâmpadas incandescentes viram a sua venda proibida, as lâmpadas fluorescentes compactas, já não se apresentam viáveis de produzir, para além disso ainda utilizam mercúrio na sua composição, como qualquer lâmpada de descarga. O LED passou de tecnologia emergente com uns singelos 80 lumens/Watt para uma tecnologia consolidada atualmente com valores superiores a 180 lumens/Watt, praticamente apenas ficou o LED como fonte luz, restando o campo das lâmpadas especiais para tecnologias não LED. De forma indireta, as etiquetas energéticas mudaram, os requisitos de iluminação estreitaram os seus critérios, os protocolos de controlo de iluminação emergiram, entre tantas outras mudanças.
Em resumo, nos últimos 10 anos, rompeu-se radicalmente com o passado e evoluiu-se o futuro.
A evolução do LED começou por dar resposta ao mercado residencial e outros equiparados, nos quais os vários estágios evolutivos da tecnologia o permitiam. Atualmente a iluminação baseada no LED dá resposta a praticamente 100% das necessidades dos projetos.
Sendo o LED uma fonte de luz altamente eficiente, quando tratado de forma correta e instalado de forma adequada, com luminárias de qualidade, alimentadas por fontes eficientes e operado de acordo com as recomendações dos fabricantes, poderemos dizer que chegámos ao cume da montanha em termos de iluminação com a melhor relação de custos?
Não, longe disso, ainda há muito para evoluir apesar de parecer difícil.
Pensemos nos recordes olímpicos, que ao serem batidos, são-no por décimas, centésimas ou até mesmo milésimas de segundo, o mesmo acontece na Fórmula 1, o que assistimos no campo desportivo, é um esforço enorme por parte de atletas e das equipas de suporte na busca de melhorias de milésimos de segundo. Quais as semelhanças com o mercado da iluminação? É que, de momento já não basta apenas mudar para a tecnologia LED, é necessário algo mais, algo que pode vir pelo constante processo evolutivo do LED enquanto componente, mas também de toda a tecnologia que orbita em torno da fonte de luz em si, como sejam, as fontes de alimentação, os dispositivos de controlo ou os comportamentos dos utilizadores, consequentemente, tal como no desporto começamos a empregar esforços cada vez maiores para melhorar os nossos consumos energéticos à razão de uma curva que cada vez mais tende para o achatamento.
Uma lâmpada incandescente de 60W, debita um fluxo luminoso de aproximadamente 600 lumens, para obtermos o mesmo fluxo através de uma lâmpada fluorescente compacta, necessitaríamos de uma potência entre 8W e 9W, atualmente podemos obter o mesmo fluxo com uma lâmpada LED de 5W ou 6W.
Tomando por base o ano de 2010, em que a prevalência de lâmpadas incandescentes instaladas ainda era considerável, na substituição de uma lâmpada incandescente por LED conseguimos baixar os consumos de energia para um décimo com o esforço financeiro equivalente ao custo dessa lâmpada. Também no ano de 2010 o custo médio de aquisição de um MWh era de aproximadamente 50 €.
Em 2022 e face à instabilidade causada pela conjuntura internacional o preço de venda do MWh já ultrapassou os 600 €. Sem previsão de quanto tempo podem estes preços manter os valores elevados que apresentam e sendo a indústria o setor mais afetado, a iluminação mesmo estando já assegurada por luminárias de LED, volta a pesar nas faturas finais de energia.
Será possível baixar novamente os consumos de iluminação para um décimo do consumo normal de um equipamento de LED? Passar de um consumo de 5W para 0,5W?
Sim, pode ser possível após uma reorientação do nosso “mindset” , na nossa nova forma de ver, pensar e agir, e de um estudo caso a caso.
Obrigado!