A luz é invisível, existe para vermos e não para ser vista, é essencial ao ser humano e às tarefas que executamos, mas é sobretudo essencial à vida. Por essa razão deve-lhe ser atribuída uma atenção e cuidado à altura da sua importância, nunca esquecendo, porém, o seu carater humilde, pois tal como os verdadeiramente grandes trabalha para o nosso bem-estar sem que a possamos ver.
A cada dia que passa cresce a consciencialização da importância de uma correta aplicação da luz aos diversos ambientes e tarefas que executamos, atualmente a tecnologia permite que um projeto de iluminação seja muito mais do que colocar um ponto de luz no centro de uma sala.
A luz certa permite criar ambientes, sensações e segurança, no fundo fomenta a nossa saúde, graças à possibilidade de através dela podermos viver experiências memoráveis em ambientes adequados. Mais uma vez reforço o seu carater de humildade, pois quando nos sentimos bem num espaço, muito raramente o atribuímos à luz, por outro lado, se ela não for adequada, depressa sentimos os seus efeitos menos positivos e dessa forma reclamamos do nosso mal estar por causa da iluminação, quer seja por desconfortos visuais ou pelos seus efeitos como dores de cabeça, fadiga visual ou outros sintomas incómodos.
A iluminação, enquanto ciência, integra o conhecimento das fontes de luz, de colorimetria e de ótica fisiológica.
Segundo Aaron Rose, “In The Right Light, At The Right Time. Everything Is Extraordinary!”
Espectro Electromagnético
Para se compreender como adequar a iluminação de um espaço às suas reais necessidades, será importante começar por compreender o que é a base de todo o processo, ou seja, a luz.
A luz é uma onda eletromagnética, medida em nanómetros, representando-se pelo símbolo “nm” e cujo comprimento se inclui num determinado intervalo dentro do qual o olho humano é sensível. Trata-se, de outro modo, de uma radiação eletromagnética que se situa entre o infravermelho e o ultravioleta.
A luz propaga-se em linha reta e em todas as direções, desde que, num meio homogéneo e transparente, está também sujeita a reflexões e refrações.
Portanto, aquilo que interpretamos como luz branca, é o resultado da presença de várias ondas eletromagnéticas, correspondentes a vários comprimentos de onda e que, consoante a proporção de cada uma nos proporcionam uma luz branca com tonalidades distintas, designadas por temperaturas de cor.
Quando nos propomos a iluminar um espaço, independentemente das suas características, necessidades ou tipologia, deveremos sempre atender a que o processo de iluminar começa pela compreensão do triângulo da visão.
Em que consiste este triângulo? Começa precisamente por algo tão básico, que por vezes esquecemos a sua essência. É o triângulo constituído pela Luz/Visão/Objeto.
Triângulo da Visão
Na falha de qualquer um dos elementos, todo o processo de iluminar se torna desnecessário, assim, se não houver quem veja, não é necessário iluminar, tal como se não houver luz não há como ver, por outro lado, havendo luz e quem veja, se não houver o que iluminar, continuamos com um processo incompleto.
Devemos iluminar aquilo que queremos que seja visto.
Como já analisámos, a luz para além da sua componente física e científica, tem também uma componente que comprovadamente afeta o ser humano seja de uma forma positiva ou negativa. Desta forma considero que o processo de iluminar pode ser dividido em 3 dimensões da luz.
Em resumo, começamos por usar o carater científico da luz para iluminar, nesta fase sem olhar às questões humanas ou estéticas, em segundo, tendo os critérios científicos assegurados, vamos dar o melhor para elaborar um projeto onde apliquemos os critérios estéticos e de design em consonância com o espaço, por fim, o projeto de iluminação só valeu todos os esforços e recursos aplicados se quem dele usufruir se sentir bem nesse espaço e as vivências sejam memoráveis.
Para nos ajudar a elaborar o projeto a ciência associada à luz é a Luminotecnia, esta consiste no estudo e planeamento da correta utilização da luz na iluminação de ambientes internos e externos, sendo que, nela também deve ser considerada a conjugação da luz natural com a artificial sempre que possível.
A luminotecnia tem como base quatro grandezas:
O Fluxo luminoso consiste no total de luz visível ao olho humano emitida em todas as direções por uma determinada fonte luminosa, observada no tempo de um segundo e que leva em conta a sensibilidade do olho humano.
Para aferir quantos lumens são emitidos por uma fonte luminosa, é preciso medir em todas as direções, já que esta quase nunca irradia a luz de forma uniforme.
A Intensidade Luminosa representa o Fluxo Luminoso projetado numa determinada direção e compreendido na unidade de ângulo sólido no qual é emitido, pressupondo-se que a fonte luminosa é pontual.
A Iluminância, indica a quantidade de fluxo luminoso que incide numa determinada superfície.
Existe uma norma que regulamenta a Iluminância de espaços de trabalho por atividades e tarefas, que é a EN 12464-1 para espaços interiores e a EN 12464-2 para espaços exteriores. A medição é feita com um luxímetro.
Os técnicos de Higiene e Segurança no Trabalho servem-se desta grandeza para adequarem o nível de iluminação com a atividade num determinado espaço. Trata-se de um conceito muito importante para o cálculo luminotécnico.
Por fim a Luminância, que representa o brilho de uma superfície iluminada ou luminosa observada pela vista. É normalmente usada para caracterizar a emissão ou reflecção de superfícies, pode ser considerada como a medida física de brilho e é através dela que os seres humanos conseguem ver.
Para a Luminância, as texturas e materiais empregues na decoração dos espaços têm uma influência direta nos resultados obtidos.
Em breve voltaremos para trazer mais grandezas importantes a quem tem necessidade de iluminar, bem como dicas preciosas para a iluminação de espaços.
Por agora resta-me pedir que se cuidem e cuidem dos outros, pois esta luta contra a Covid-19, parte de cada um de nós para proteger o próximo, só assim levaremos a melhor!
Até breve!