O Lighting Design como investimento e valorização

O Lighting Design como investimento e valorização

19/11/2020

Hoje espero contribuir para desmistificar um mito que vem perdurando na nossa sociedade: a ideia que recorrer a um projeto de iluminação é um luxo e que irá encarecer significativamente a obra.

Não poderíamos estar mais longe da verdade pois o Lighting Design, ou projeto luminotécnico se quisermos usar termos da nossa língua, não é um luxo ou um capricho, antes uma ferramenta verdadeiramente essencial para aferir corretamente as necessidades de iluminação e a solução mais adequada.

O Lighting design não deve ser entendido como uma opção, mas como uma valorização do espaço e do bem-estar dos seus utilizadores. Isto é válido para as duas vertentes que considero mais extremas do Lighting Design: o cálculo luminotécnico puramente funcional e a valorização arquitetónica e do ambiente.

O Lighting Design como valorização arquitetónica e do ambiente tem um profundo impacto na vivência dos espaços e no nosso bem-estar. Não se trata de meros efeitos estéticos, alienáveis do conforto dos utilizadores. Numa época em que estamos “condenados” a passar grande parte dos dias nas nossas habitações e em que muitos casos a Casa se transformou em Escritório, apercebemo-nos que a qualidade do espaço é fundamental e a iluminação é parte integrante do espaço. Quanto mais rica for a vivência das nossas habitações, melhor nos sentiremos. É nesse sentido que o Lighting Design pode melhorar significativamente a nossa qualidade de vida, através da criação de ambientes acolhedores e simultaneamente adequados para trabalho, por exemplo. O mesmo se passa nos espaços sociais: talvez não nos apercebamos mas a ambiência é um fator determinante para a nossa sensação de bem-estar e, provavelmente, de forma inconsciente, a nossa escolha de um determinado café ou restaurante não se prende apenas com o menu, mas precisamente com esse ambiente que nos faz sentir bem e do qual a iluminação é indissociável. É uma componente aparentemente secundária mas que tem uma importância indelével na nossa experiência.  

Quanto ao cálculo luminotécnico na sua vertente mais funcional, tomemos como exemplo a iluminação de um espaço fabril com uma atividade que exija 500 lux. Se esta necessidade luminotécnica não for tida em consideração na fase de projeto e decidida apenas em fase de obra sem o apoio de um cálculo luminotécnico, provavelmente os resultados obtidos ficarão aquém do necessário, quer no respeita à iluminância média (lux), quer no que respeita à uniformidade (Emin/Emed) e aos níveis de encandeamento (UGR).

Na minha prática profissional, deparo-me recorrentemente com casos em que a iluminação deficitária causa inúmeros problemas: baixa produtividade, mal-estar dos colaboradores, perda de qualidade da produção. São situações que necessitam ser resolvidas, mas que na maior parte das situações implicam sobrecustos como a reformulação da infra-estrutura elétrica, ou na impossibilidade de relocalizar as luminárias, obriga a optar por soluções mais dispendiosas, devido a esta condicionante. Ou seja, se o projeto luminotécnico tivesse sido considerado na fase de projeto, a correta iluminação estaria assegurada, com um custo pré-determinado. As intervenções posteriores vão implicar vários custos adicionais: pausas na laboração, custo duplicado com luminárias, infra-estruturas e mão-de-obra.

Face a isto, deixo o repto: recorra ao Lighting Design, é uma mais-valia em todas as componentes da nossa vida!

Fiquem Bem!

Ana Monteiro